ENTREVISTA >> ENTENDENDO A GESTÃO PARTICIPATIVA NA IGREJA (Pr. Guilherme Ávilla Gimenez)

24/06/2017 11:48

 

No futebol, muitas vezes vemos técnicos ou jogadores lembrando que não jogaram sozinhos. Eles dizem: contamos com a torcida!

No campo, com a bola nos pés, ou na arquibancada, com a paixão e o incentivo para o gol. Há os mais importantes? Os que poderiam fazer um belo espetáculo sozinhos? É esta interação que representa o todo. Da mesma forma, podemos dizer sobre o que é a Gestão Participativa.

"Uma das maiores emoções como líder é observar as pessoas descobrirem que Deus pode usar seus pequenos e mais ocultos atos de amor e bondade para transformar vidas, igrejas, comunidades locais,e  por fim, o mundo" (Bill Hybels em A Revolução no Voluntariado). E tudo isto, independentemente da "posição" que ocupam no "time".

Entenda melhor sobre a Gestão Participativa na Igreja com esta entrevista do Instiuto Jetro com o Pr. Guilherme Ávilla Gimenez:

 

O que é gestão/administração participativa? Quais os seus fundamentos?

Guilherme - A gestão/administração participativa é um modelo de gestão em que as pessoas estão engajadas de modo fundamental tanto na tomada de decisões como no processo de administração, até que se alcance o objetivo almejado. É um modelo de gestão contemporâneo, e sua grande ênfase é fazer com que todos se sintam parte e agentes do sistema administrativo. Segundo o professor Maranaldo (Estratégia para a competitividade. Editora Produtivismo), a gestão participativa é o conjunto harmônico de sistemas, condições organizacionais e comportamentos gerenciais que provocam e incentivam a participação de todos no processo de administrar. 


Seus principais fundamentos são: uma estrutura adequada onde as pessoas podem interagir de maneira sinergética, uma cultura que valoriza a responsabilidade individual e coletiva e dá a todos um senso não apenas de participação, mas também de compromisso, e um clima favorável aos relacionamentos, que prestigia o respeito mútuo e a valorização de todos. Assim sendo, temos fundamentos de ordem administrativa, cultural e psicológica. A gestão administrativa pode ser compreendida em uma frase citada por Jim Collins: "é o modelo onde pessoas estão no centro do processo do começo ao final" (palestra proferida em 12 de maio de 2013, na Universidade do Texas - Austin).

 

Como implantar uma gestão participativa na Igreja?

Guilherme - Para a implantação da gestão participativa - dentro ou fora da igreja - são necessárias algumas atitudes bem pontuais: a) Compreensão do modelo; b) Capacitação das pessoas que farão parte do processo; c) Criação de um modelo gerencial que deverá ser adotado por todos. De modo particular, na igreja, a gestão participativa precisa ser bem entendida por todos, pois ela pode ser confundida com o modelo democrático de decisão adotado por várias igrejas. Não estamos falando aqui na maioria que decide, mas sim da maioria que atua proativamente para que a decisão se torne em ações e, mais tarde, em realização. Gosto muito da contribuição do professor Antônio Raimundo dos Santos (Gestão do conhecimento: uma experiência para o sucesso empresarial - Editora Champagnat) quando diz que, para a implantação de um modelo assim, é necessário harmonizar sistemas, condições organizacionais e comportamentos gerenciais. 

Os sistemas dizem respeito a todas as áreas de atuação dentro da igreja (como ministérios e departamentos específicos). As condições organizacionais são os diferentes níveis hierárquicos e as regras que foram criadas no decorrer dos processos administrativos do passado. Os comportamentos gerenciais são basicamente a relação entre líderes e liderados, destacando-se os que têm posições de liderança de maior relevância. A implantação depende de um entrosamento grande entre as pessoas que estão envolvidas na administração da igreja.

 

Para uma gestão participativa de fato é necessária a participação de todos e o comprometimento total com os resultados. Concorda? Se sim, quais os passos para alcançar isto? Se não, o que entende ser fundamental?

Guilherme - Concordo e discordo! Concordo que em um modelo de gestão participativa todos têm comprometimento total com os resultados. Discordo que todos participem do processo - pelo menos de modo operacional. Acredito que a liderança da igreja lida com a maioria dos aspectos operacionais, como tarefas e ações administrativas. À igreja, como um todo, fica o papel de incentivar e se comprometer com a gestão, mas como "parceiros". Possivelmente, a igreja deverá conhecer o processo, aceitá-lo e permiti-lo, dando liberdade aos gestores para trabalhar o mais livremente possível. Deverá escolher o maior número possível de pessoas que estarão envolvidas diretamente no processo. E é aqui que entra o primeiro passo para que esse processo dê certo: todos devem ser informados do que está acontecendo e, ao mesmo tempo, devem entender que a gestão não acontecerá centralizada em um ou outro, mas sim em um grupo de pessoas maior, que envolverá os demais da melhor forma possível.

 

Guilherme é Teólogo, Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (especialização em Ministério Pastoral), Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo  e  Doutorado em Teologia pelo ITEPAR (Paraná).  É pós-graduado em Ministério Pastoral no Dallas Theological Seminary. É professor na área de Teologia Prática na Faculdade Teológica Batista de São Paulo.  Tendo efetuado vários cursos nas áreas de Técnicas de Gerência de Projetos, Gestão de Pessoas (Fundação Getúlio Vargas) e Curso de Liderança Avançada - Emerging Leadership Iniciative (Reconhecido pela Universidade Cornell - Estados Unidos) - Austin/TX.

É docente da Faculdade Teológica Batista de São Paulo.  Atualmente é Conselheiro da Convenção Batista Brasileira trabalhando no Grupo de Trabalho de Planejamento Estratégico e Pastor titular da Igreja Batista Betel em São Paulo.

 

FONTE:

URL: https://www.institutojetro.com/entrevistas/entrevistas/entendendo-a-gestao-participativa-na-igreja/
Site: www.institutojetro.com
Título do artigo: Entendendo a Gestão Participativa na Igreja
Autor: Guilherme Ávilla Gimenez