BREVE COMENTÁRIO BÍBLICO >> LUCAS 10 - O MINISTÉRIO DOS SETENTA

01/02/2018 15:29

 

 

O Ministério dos Setenta. 10:1-24

 

Só Lucas registra a missão dos Setenta. Jesus devia ter muitos discípulos se pôde enviar setenta homens numa missão missionária pelas cidades da Galileia e Judeia. Edersheim (Alfred Edersheim, The Life and Times of Jesus the Messiah, Vol. II, pág. 135) sugere que Jesus os enviou em algum momento antes da Festa dos Tabernáculos precedendo a sua morte. De sua linguagem pode-se deduzir que foi rejeitado pelas multidões das cidades da Galileia (10, 13, 15) e que pretendia deixar o distrito permanentemente.

 

1. Depois disto. A cronologia de Lucas é indefinida; mas ele coloca estes acontecimentos depois da crise da Transfiguração. De dois em dois. Jesus enviara os Doze do mesmo modo numa missão anterior (Mc. 6:7). Enviando-os aos pares fortalecia o seu testemunho, e tornava a viagem mais agradável. Aonde ele estava para ir. Os Setenta deviam preparar as pessoas para o seu último apelo.

 

2. A seara. Jesus usou esta figura muitas vezes ao falar sobre a colheita dos crentes (Jo. 4:35, 36; Mt. 13:30, 39).

 

4. Não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias. A viagem seria curta, e sua urgência exigia pressa. Estavam proibidos de sobrecarregar-se com bagagem desnecessária. A ninguém saudeis. O Senhor não pretendia que fossem descorteses, mas as saudações orientais eram tão elaboradas que perderiam muito tempo na cerimônia.

 

6. Filho de paz. Uma expressão idiomática hebraica, significando um homem pacífico.Filho de era freqüentemente empregado como um substantivo para enfatizar a característica. João e Tiago eram chamados “filhos do trovão” (Mc. 3:17) por causa de sua índole violenta.

 

7. Não andeis a mudar de casa em casa. Jesus queria que seus discípulos fossem mensageiros, não mendigos. Não deviam andar sem destino, à procura dos alojamentos mais confortáveis e da companhia mais agradável.

 

9. Curai os enfermos. Cristo conferiu aos discípulos o poder de curar como parte do seu ministério. Não há nenhuma indicação que todos eles ficassem de posse desse poder permanentemente.

 

12. Naquele dia. Esta frase foi freqüentemente usada nos livros proféticos do V.T. falando do dia do juízo no tempo do fim (Amós 8:9, 9, 11; Sf. 1:14; Zc 12:8, 11; 13:1; 14:4). Sodoma. Uma cidade dos tempos de Abraão, que foi tão desprezível que Deus a destruiu através de juízo excepcional (Gn. 19: 13, 24).

 

13. Tiro e Sidom eram cidades fenícias notáveis por seu luxo e libertinagem. Saco. Um tecido grosseiro usado pelos pranteadores em sinal de tristeza.

 

17. Então regressaram os setenta. Sua missão parece que teve sucesso. Os Doze fracassaram em curar o rapaz endemoninhado (9:40); mas os Setenta deram a notícia de que até os demônios fugiam à menção do nome de Jesus.

 

18. Eu via a Satanás . . . como relâmpago. Quando caía seria uma tradução melhor. Jesus deu a entender que o poder de Satanás foi destruído, e que o sucesso desses discípulos foi uma evidência da vitória.

 

19. Poder é autoridade, o direito de ordenar.

 

20. Alegrai-vos, ... e sim, porque os vossos nomes estão arrolados nos céus. O maior motivo para regozijo não foi a vitória momentânea sobre forças sobrenaturais, mas o triunfo eterno de ser alistado entre os cidadãos do céu. Arrolados pode significar registrados em um registro público (cons. Hb. 12:23; Ap. 3:5; 22:19).

 

21. ... exultou Jesus. O sucesso da viagem dos Setenta encorajou Jesus, pois o poder de Satanás não fora suficiente para impedir que a revelação de Deus lhe fosse dada.

 

22. Ninguém sabe quem é o Filho, senão o Pai. Este versículo tem uma forte semelhança com a fraseologia de Jesus conforme registrada no Evangelho de João (cons. Jo. 5:22, 23). Uma vez que foi dito em particular, pode ser uma evidência de que os discursos joaninos também foram particulares em sua natureza. Parece que os discursos públicos de Nosso Senhor foram apresentados em um estilo diferente.

 

. Ensinamentos Públicos. 10:25 - 13:21.

 

25. Um certo ... intérprete da lei. Na comunidade judaica o “doutor da lei” era um perito nos ensinamentos religiosos da lei mosaica e não propriamente um advogado jurídico. Pôr... em provas. O doutor estava experimentando Jesus para ver o que ele diria em resposta a uma pergunta ardilosa. Vida eterna era um assunto corrente nos debates religiosos (18:18).

 

26. Que está escrito na lei? O Salvador aceitava a autoridade do V.T. como a revelação de Deus. Sua pergunta dá a entender que o doutor da lei poderia encontrar a resposta para sua dúvida nas próprias Escrituras se ele realmente as estudasse.

 

27. A isto ele respondeu. A resposta do doutor da lei foi um composto de dois textos – Dt. 6:5 e Lv. 19:18. O primeiro fazia parte do Shema Judeu, ou credo, que costumava ser recitado nos cultos nas sinagogas.

 

Coração (gr. kardia) é a vida interior, não necessariamente apenas emoção. Alma (gr.psyché) é personalidade, o ser consciente. Forças (gr. ischuî) é a força física. Entendimento(gr. dianoia) é a capacidade de pensar.

 

29. Querendo justificar-se. Percebendo que fora apanhado por suas próprias palavras, uma vez que não guardara a Lei, o doutor começou a tergiversar sobre uma definição. Judeus estritos não reconheceriam que qualquer que não era judeu era o próximo.

 

30. Certo homem. Embora a história de Jesus seja chamada de parábola, pode muito bem ter sido a narrativa de um acontecimento real. Descia de Jerusalém. Literalmente verdadeiro, pois Jerusalém fica cerca de 800 m acima do nível do mar, e Jericó fica perto de cerca de 400 m abaixo do nível do mar. A estrada é cheia de curvas e estreita, serpenteando entre desfiladeiros rochosos, onde salteadores podiam facilmente se esconder.

 

32. Um levita. Os levitas serviam no Templo. Nem o sacerdote nem o levita tentaram ajudar o homem. Talvez pensassem que estivesse morto, e não quiseram se contaminar pelo contato com um cadáver.

 

33. Certo samaritano. Os samaritanos eram desprezados pelos judeus porque descendiam de gentios e porque seu tipo de culto era diferente do judaísmo ortodoxo. Eles adoravam no Monte Gerizim e não em Jerusalém, e mantinham um sacerdócio deles mesmos. Um pequeno grupo ainda sobrevive na aldeia de Nablus, perto do local da antiga Siquém.

 

34. Chegando-se. Se os salteadores ainda estivessem escondidos nas proximidades, o samaritano estava arriscando a sua vida. Jesus mostrou que o samaritano teve a atitude de amor que a Lei exigia.

 

35. Dois denários. O equivalente ao salário de dois dias. Ele estava pagando as despesas de um completo estranho, só por causa de sua boa vontade.

 

36. Qual ... ter sido o próximo? Esta pergunta envergonhou o doutor e obrigou-o a admitir que o verdadeiro próximo não foi nenhuma das autoridades sacerdotais do Judaísmo, mas o samaritano.

 

38. Num povoado. João (12:1) diz que a aldeia era Betânia, cerca de duas milhas de Jerusalém sobre a estrada que levava a Jericó e à Transjordânia. Jesus devia visitá-las com freqüência quando viajava entre a Galileia e Jerusalém. Parece que Marta era a irmã mais velha, que assumia a responsabilidade de dona de casa.

 

39. A ouvir-lhes os ensinamentos. A palavra grega (êkouen) significa que ela estava continuamente ouvindo o Mestre, ou que era seu costume fazê-lo. “Sempre costumava ouvir os seus ensinamentos” seria uma boa paráfrase.

 

40. Ocupada. A palavra grega (periespato) significa separada ou afastada, portanto “distraída” ou “sobrecarregada”.

 

41. Marta, Marta. Em diversas ocasiões, de acordo com a narrativa de Lucas, Jesus repetiu um nome quando quis fazer alguma declaração extraordinariamente impressiva (veja 22:31; cons. Atos 9:4).

 

42. Pouco é necessário, ou mesmo uma só coisa. Marta achava que “muitas coisas” eram necessárias para o conforto do Senhor, e estava se desgastando para prepará-las. Sua companhia significava mais para ele do que os pratos que cozinhava. 

 

 

FONTE: https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2016/05/interpretacao-de-lucas-10.html