ARTIGO >> MENTORING E LÍDERES CRISTÃOS (Guilherme Ávilla Gimenez)

04/07/2018 20:41

 

Um amigo certa vez me perguntou o que eu achava de fazer um mentoring. Eu já havia lido sobre isso e fiquei interessado, afinal, sempre vale a pena encarar um desafio em nome do crescimento pessoal. Passou o tempo e chegou o dia do curso de liderança em Austin. Já no final do curso, para minha surpresa, fui informado que teríamos um mentoring. Fiquei animado e feliz com a oportunidade mas não imaginava o quanto aquelas três horas seriam importantes para meu crescimento e descoberta de reais possibilidades de mudança nunca antes experimentadas. E ao mesmo tempo como elas seriam duras.

O mentoring pode ser compreendido como um processo de mentoria onde um tutor/mentor ajuda o mentoreado a enxergar suas fraquezas e aponta meios de vencê-las, principalmente através de exercícios práticos e mudança na maneira de se portar e pensar. Nesse processo a prestação de contas ser torna importante pois sendo dados os exercícios e proposta a mudança, o mentoreado será responsável por apresentar um relatório mostrando seu avanço e concretização do plano de mudança.

Creio firmemente que todos os cristãos deveriam passar por um processo de mentoring. E isso dentro da Igreja. Apesar do nome desse processo ser novo, a prática é bem conhecida na Bíblia, a chamamos de discipulado. Jesus foi um grande mentor, um magnífico tutor, um professor especial. Quando encontramos Jesus sendo chamado de mestre é importante lembrar da cultura judaica onde esse personagem é muito mais do que um professor de sala de aula. O mestre na realidade era um tutor que acompanhava seus poucos alunos - às vezes apenas um - nesse processo de crescimento contínuo onde exercícios práticos eram dados no sentido de levar aquela pessoa a vencer suas fraquezas, superar-se e finalmente apresentar-se melhor e mais próximo de um ideal de vida e conduta.

 

Mentoring Eclesiástico

Uma das grandes necessidades de um ‘mentoring eclesiástico' seria a prestação de contas. Hoje vivemos um cristianismo onde cada um faz o que quer e não presta contas a ninguém sobre seus atos. Aliás, nós dizemos, inclusive, que cada um deve cuidar de sua própria vida e a lei do anonimato impera dentro de nossas comunidades. A pessoa participa das atividades e aparentemente é um crente em Cristo. O que ela faz fora do templo, porém, é problema dela e não nosso. Esse pensamento não combina com o ideal bíblico de mutualidade, discipulado, crescimento mútuo e obviamente prestação de contas. Cada cristão precisa prestar contas de sua vida, pois isso o ajuda a ser uma pessoa melhor. Nem sempre enxergamos nossas fraquezas e outras vezes, mesmo enxergando-as, não queremos encarar um processo de mudança.

Deveríamos estar acostumados com o mentoring, afinal, ele começa de maneira inconsciente - ou melhor, informal - dentro de nossos lares. Quando um pai ou mãe pergunta onde o filho vai, onde gastou a mesada ou quem são seus colegas estão na verdade fazendo um mentoring, exigindo prestação de contas, ajudando o filho nas escolhas da vida. Com o crescimento e maturidade vamos passando pelo mesmo processo na empresa, faculdade e assim por diante. Por que será que na Igreja somos tão arredios ao mentoreamento? Só pode mesmo ser algo espiritual. E minha opinião honesta é que o inimigo de nossas almas, conhecendo o poder da prestação de contas e mentoria, faz rejeitarmos essa ajuda tão bendita que poderia transformar muitas pessoas pelo poder do discipulado honesto, criativo e bíblico.

 

Um por todos e todos por Um

O velho ditado "cada um por si e Deus por todos" não serve para a Igreja de Cristo. Somos responsáveis uns pelos outros e precisamos que alguém nos incentive a sermos crentes melhores. Isso não pode ser tarefa de poucos ou de um - o pastor, por exemplo. Começando pela liderança e espalhando-se pelos crentes mais maduros deveríamos ter vários mentores, tutores, pais na fé ou qualquer outro titulo que queiramos dar a essas pessoas que movidas por amor genuíno ajudariam seus irmãos no processo contínuo de crescimento.

Você presta contas de sua vida a alguém? Todos precisamos de alguém para nos ajudar, afinal, a Bíblia ordena obediência e submissão e isso acaba sendo o princípio da mentoria ("Obedeçam aos seus líderes e submetam-se à autoridade deles" - Hebreus 13:7).

Coloque em seu coração o desejo de prestar contas de sua vida a alguém e ser ajudado. Isso pode ser o início de um processo de revolução pessoal e grande crescimento para honra e glória de Jesus e consequentemente edificação de toda a Igreja.

 

 

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Título do artigo: Mentoring e líderes cristãos
Autor: Guilherme Ávilla Gimenez