PERSONAGEM DA SEMANA >> ARISTARCO: COMPANHEIRO LEAL

19/01/2018 15:16

 

 

 

Entre os muitos colaboradores de confiança do apóstolo Paulo estava Aristarco. De que se lembra quando ouve o nome dele? Lembra-se de algo? Sabe dizer que papel ele desempenhou na história dos primeiros cristãos? Embora Aristarco talvez não seja um personagem bíblico que nos seja muito conhecido, ele não obstante estava envolvido em vários episódios narrados no Novo Testamento.

Então, quem era Aristarco? Qual era seu relacionamento com Paulo? Por que se pode dizer que Aristarco era um companheiro leal? E que lições podemos aprender de examinar o seu exemplo?

A inclusão dramática de Aristarco no relato do livro de Atos ocorre durante a gritaria e a confusão duma turba histérica na cidade de Éfeso. (Atos 19:23-41) A fabricação de santuários de prata, da deusa falsa Ártemis, era um negócio lucrativo para Demétrio e para outros prateiros efésios. De modo que, quando a campanha de pregação de Paulo na cidade fez com que um número considerável de pessoas abandonasse a adoração impura desta deusa, Demétrio instigou outros prateiros. Disse-lhes que a pregação de Paulo não só ameaçava a segurança financeira deles, mas também levantava a possibilidade de que a adoração de Ártemis ficasse reduzida a nada.

A turba enfurecida, não podendo achar Paulo, arrastou seus companheiros Aristarco e Gaio ao teatro. Visto que esses dois estavam em grande perigo, os amigos de Paulo imploraram-lhe “que não se arriscasse no teatro”.

Imagine que você estivesse nessa situação. Por cerca de duas horas, a turba histérica continuava a gritar: “Grande é a Ártemis dos efésios!” Para Aristarco e Gaio, vendo-se à mercê daquela multidão fanática, sem mesmo poder falar em sua própria defesa, deve ter sido uma experiência penosa, realmente amedrontadora. Eles devem ter-se perguntado se iam sair dali vivos. Felizmente, saíram vivos. Deveras, a vividez do relato de Lucas levou alguns eruditos a sugerir que ele recorreu a testemunhas oculares, talvez aos próprios Aristarco e Gaio.

O escrivão da cidade, por fim, acalmou o alvoroço. Para Aristarco e Gaio deve ter sido um enorme alívio ouvi-lo objetivamente reconhecer a inocência deles e então ver dissolvido o tumulto em sua volta.

Como se sentiria você depois duma experiência dessas? Teria chegado à conclusão de que não era para você ser companheiro missionário de Paulo, que isso era perigoso demais e que seria melhor se buscasse levar uma vida mais calma? Não para Aristarco! Originário de Tessalônica, é provável que já estivesse bem a par dos perigos de se proclamar as boas novas. Quando Paulo pregara na cidade dele, uns dois anos antes, irrompera também ali um alvoroço. (Atos 17:1-9; 20:4) Aristarco ficou lealmente com Paulo.

Da Grécia a Jerusalém: Alguns meses depois do alvoroço dos prateiros, Paulo estava na Grécia e prestes a embarcar para a Síria, em caminho para Jerusalém, quando “os judeus formavam uma conspiração contra ele”. (Atos 20:2, 3) Quem vemos estar com Paulo nesta situação perigosa? Aristarco!

Esta nova ameaça fez com que Paulo, Aristarco e seus companheiros mudassem de planos, viajando primeiro pela Macedônia, e depois, por etapas, ao longo da costa da Ásia Menor, antes de finalmente embarcarem em Pátara para a Fenícia. (Atos 20:4, 5, 13-15; 21:1-3) O objetivo desta viagem evidentemente era entregar as contribuições dos cristãos da Macedônia e da Acaia aos irmãos necessitados em Jerusalém. (Atos 24:17; Romanos 15:25, 26) Um grande número viajou com eles, talvez por terem sido incumbidos desta responsabilidade por diversas congregações. Sem dúvida, este grande grupo garantia também maior segurança.

Aristarco teve um grande privilégio ao acompanhar Paulo da Grécia a Jerusalém. No entanto, sua próxima viagem os levaria da Judéia até Roma.

 

Aristarco: Companheiro Leal (Parte 2)

 

Esta vez, a situação era bem diferente. Paulo estivera preso por dois anos em Cesaréia, havia apelado para César e estava sendo enviado em cadeias a Roma. (Atos 24:27; 25:11, 12) Procure imaginar como se sentiram os companheiros de Paulo. A viagem de Cesaréia a Roma seria longa e emocionalmente provadora, com um resultado imprevisível. Quem o podia acompanhar e dar-lhe apoio e ajuda? Dois homens foram escolhidos ou se colocaram à disposição como voluntários. EramAristarco e Lucas, o escritor de Atos. — Atos 27:1, 2.

Como conseguiram Lucas e Aristarco embarcar no mesmo navio no primeiro trecho da viagem para Roma? O historiador Giuseppe Ricciotti sugere: “Esses dois embarcaram como passageiros particulares . . . ou, mais provavelmente, foram admitidos pela bondade do centurião que fazia de conta que eram escravos de Paulo, visto que a lei permitia que o cidadão romano fosse assistido por um par de escravos.” Como Paulo deve ter-se sentido animado pela presença e pelo encorajamento deles!

Lucas e Aristarco demonstraram seu amor a Paulo a um custo e riscos. De fato, passaram por uma situação de perigo de vida quando, junto com seu companheiro cativo, sofreram naufrágio na ilha de Malta. — Atos 27:13–28:1.

Companheiro de cativeiro de Paulo: Quando Paulo escreveu suas cartas aos colossenses e a Filêmon, em 60-61 EC, Aristarco e Lucas ainda estavam com ele em Roma. Aristarco e Epafras são mencionados como ‘companheiros de cativeiro’ de Paulo. (Colossenses 4:10, 14; Filêmon 23, 24) Portanto, parece que Aristarco compartilhou por algum tempo os laços de prisão de Paulo.

Embora Paulo fosse prisioneiro em Roma pelo menos por dois anos, permitiu-se-lhe viver sob guarda na sua própria casa alugada, onde ele podia proclamar as boas novas a visitantes. (Atos 28:16, 30) Aristarco, Epafras, Lucas e outros ministravam então a Paulo, ajudando-o e sustentando-o.

Um auxílio fortificante: Depois de se considerar os diferentes episódios em que Aristarcofigura no registro inspirado da Bíblia, que quadro se apresenta? De acordo com o escritor W. D. Thomas, Aristarco “destaca-se como homem capaz de enfrentar oposição e de sair com a fé intacta e com a sua determinação de servir incólume. Destaca-se como homem que amava a Deus não só nos dias bons, quando o sol brilhava no céu azul, mas também durante escárnios e tempestade”.

Paulo diz que Aristarco e outros eram para ele “um auxílio fortificante” παρηγορία (Gr.:paregoría), quer dizer, fonte de consolo. (Colossenses 4:10, 11) Portanto, Aristarco, por consolar e animar Paulo, foi um verdadeiro companheiro em tempos de necessidade. Ter usufruído a companhia e a amizade do apóstolo por um período de vários anos deve ter sido uma experiência muito satisfatória e espiritualmente enriquecedora.

Nós talvez não passemos por situações tão dramáticas como as de Aristarco. Não obstante, uma lealdade similar para com os irmãos espirituais de Cristo e para com Deus é hoje necessária da parte de todos na congregação. (Note Mateus 25:34-40.) É provável que companheiros de adoração, nossos conhecidos, mais cedo ou mais tarde, sofram adversidades ou aflições, talvez por perderem alguém na morte, por doença ou outras provações. Por nos apegarmos a eles e lhes darmos ajuda, consolo e encorajamento, podemos ter alegria e mostrar que somos companheiros leais. — Note Provérbios 17:17; Atos 20:35.

 

FONTE:

https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2009/04/aristarco-companheiro-leal-part-1.html