ESTUDO >> AS FAMÍLIAS DA BÍBLIA <<

22/05/2015 19:55

 

As famílias da Bíblia

 

A composição de um lar no Antigo e no Novo Testamento podia ser diferente do que é hoje; mas pais, mães e filhos tementes a Deus continuam a fazer muita diferença.

 

Os autores da Bíblia escreviam os livros dela de acordo com o padrão cultural de suas épocas. As famílias, em sua constituição e cultura, acompanhavam os mesmos padrões.

As famílias bíblicas mudaram pouco ao longo dos livros da Palavra Sagrada, ainda que existam algumas diferenças do Antigo para o Novo Testamento. No primeiro, o povo hebreu, na maior parte do tempo, era nômade. No segundo, a maioria já era estabelecida em moradias fixas, na cidade ou no campo. Mesmo assim, podemos ver diferenças importantes entre os núcleos familiares daquela época e os da nossa.

O primeiro grupo social criado por Deus foi a família, na figura do casal Adão e Eva, que se uniu para começar sua descendência. O senso familiar das pessoas do Antigo e do Novo Testamento era forte, em uma união, via de regra, harmônica, pois os papéis de cada membro eram bem definidos. Bem cumpridos, geravam harmonia, união. Mal observados, levavam à ruína.

 

Crescendo e aprendendo

 

Naquela época a infância era breve. Enquanto os bebês permaneciam com a mãe, as crianças mais crescidas brincavam juntas. Era normal que um casal tivesse muitos filhos em uma época em que Deus lhes ordenava “crescei-vos e multiplicai-vos”. O povo estava em formação, a Terra estava para ser habitada, e eram necessárias pessoas para isso. Era compreensível que, na época, ter muitos filhos fosse visto como uma grande bênção. Uma época diferente, um mundo diferente, ainda com muito espaço para ser ocupado, sem os imensos grupos populacionais de hoje.

Os trabalhos domésticos e até mesmo em auxílio na atividade profissional do pai eram naturalmente inseridos no cotidiano. As crianças brincavam e estudavam, mas também tinham outros afazeres. Meninos ajudavam na caça, na obtenção de lenha, no cuidado com o gado ou com a lavoura. As meninas ajudavam as mães na cozinha e a tomar conta dos irmãos menores, assim como buscavam água nas fontes e aprendiam a tecer e costurar.

 

 

A adolescência é um fenômeno mais presente em nossos dias, mas era relativamente desconhecida nos tempos bíblicos. Uma pessoa deixava de ser criança para já se tornar um jovem adulto, e não com a fase adolescente marcante como é hoje. Entrosados no papel familiar desde cedo, logo assumiam papéis importantes. A escola surgia na vida de todos a partir dos 7 anos, nos acampamentos. Depois, no período neotestamentário, geralmente a instituição de ensino ficava nas sinagogas ou em um prédio próprio, comumente onde morava o professor. A educação formal acima da escola, o que equivaleria ao nosso curso superior de hoje, ficava a cargo dos rabinos e escribas.

O casamento chegava cedo, geralmente arranjado entre as duas famílias dos cônjuges. Eram comuns os casamentos entre um homem e somente uma mulher, mas também, em alguns casos, permitia-se ao marido ter concubinas (até escravas), com quem ele podia ter filhos. Dependendo da família, perguntava-se aos jovens se eles aprovavam a união. O noivado ocorria 1 ano antes do casamento e era visto como um contrato formal. A noiva era considerada pertencente ao noivo. Ele, por sua vez, era isento do serviço militar por 1 ano após o casamento formal. Basicamente, o marido cuidava da esposa, que o auxiliava. Ambos cuidavam dos filhos.

A seguir, um resumo das atribuições dos membros da família:

 

O marido

O governante da família, era responsável pelo bem-estar dela, e não somente uma figura autoritária (pelo menos na teoria), embora devesse ser respeitado por esposa e filhos. Também era o líder espiritual de sua casa, como um sacerdote doméstico, responsável por orientar sobre os preceitos de Deus. Ele e a esposa ensinavam à descendência “o caminho em que deve andar” (Provérbios 22:6).

Um homem que não pudesse sustentar devidamente os seus era visto como autor de ofensa grave, socialmente falando. A mesma ofensa era vista se falhasse como líder espiritual. Era ele também o representante legal da esposa e da prole, respondendo aos juízes por eles quando necessário. Viúvas e órfãos, como não tinham quem os defendesse, eram postos à margem. Se uma mulher se casasse outra vez após a viuvez, tinha no segundo marido um novo representante para ela e os seus.

Ao pai também era dado o dever de ensinar um ofício ao filho, assegurando que ele tivesse uma profissão. José ensinou Jesus a ser um carpinteiro, como ele (ilustração ao lado).

Era comum que o pai hebreu fosse carinhoso com os filhos, respeitando-os como pessoas completas, mas também os repreendesse, se necessário, sem excessos e abuso de poder. “E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor.” (Efésios 6:4). Buscava-se um equilíbrio, desta forma, entre o respeito e o amor.

 

A esposa

Uma auxiliadora do marido. Submissa a ele, era responsável pelos afazeres da casa e pelos cuidados com os filhos. Também podia tomar parte nas atividades profissionais com o cônjuge, se isso fosse necessário para o bem-estar familiar, como é mostrado em Provérbios (31:16-25), quando se fala sobre a famosa figura da mulher virtuosa.

Os filhos ficavam com ela quase o tempo todo. Os meninos começavam a acompanhar o pai fora de casa, inclusive no trabalho, assim que tinham idade suficiente. As meninas permaneciam com a mãe, aprendendo sobre os afazeres domésticos e a serem futuras esposas e mães dedicadas.

Um homem, para merecer certa posição social, era obrigado a ser bem casado. A boa ou má conduta de uma mulher definia muito da história dos seus. "A mulher virtuosa é a coroa do seu marido, mas a que procede vergonhosamente é como podridão nos seus ossos." Provérbios 12:4

 

O filho

O varão tinha papel de destaque. Um primogênito era o sucessor natural e, no caso de morte do pai, era o líder até mesmo dos irmãos mais novos. Conforme crescia, ganhava mais direitos e deveres perante o núcleo familiar. Era quem sustentava os pais quando envelheciam, um dever do qual não podia abrir mão. O pai e a mãe deviam receber a mesma dose de respeito. Até o próprio Jesus, mesmo na condição de filho de Deus entre os homens, demonstrou respeito por Maria e José, humildemente, como aconteceu quando os dois o perderam em uma viagem a Jerusalém, para achá-lo 3 dias depois conversando com os doutores do templo (ilustração acima): “E desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito.” (Lucas 2:51). Quando adulto, Jesus era responsável por Maria. Mesmo quando estava às portas da morte em meio a intenso sofrimento, pregado na cruz, pensou em seu dever de filho: pediu a João que cuidasse dela dali em diante, e o discípulo a levou para sua casa (João 19:26-27).

 

A filha

Naquela época, os filhos eram vistos como bênçãos, mas as filhas, embora pudessem ser amadas, também eram vistas como fardos, até que alguém as desposasse e passasse a sustentá-las. Ainda assim, os hebreus cuidavam de suas filhas com amor. Mesmo que os varões tivessem primazia, as filhas mais velhas também tinham uma posição importante no seio familiar. Eram as primeiras oferecidas ou pedidas em casamento, geralmente (não obrigatoriamente, pois dependia de cada família). Se não houvesse varões, a filha mais velha podia herdar as posses do pai, mas só permaneceria com elas se logo se casasse (e com alguém da própria tribo, no Antigo Testamento). “E qualquer filha que herdar alguma herança das tribos dos filhos de Israel se casará com alguém da família da tribo de seu pai; para que os filhos de Israel possuam cada um a herança de seus pais.” Números 36:8

O pai era o responsável legal pela filha, e podia determinar com quem ela deveria se casar. Mesmo assim, era comum que perguntasse à filha se ela aprovava o casamento, para só depois serem feitos os votos obrigatórios, oficialmente. Era permitido a ela se casar a partir dos 12 anos. Quando se casava, fazia parte oficialmente da família do marido. A sogra continuava, então, a educação que a mãe lhe dava no antigo lar. No livro de Rute fica bem clara essa relação, a da sogra Noemi como segunda mãe da protagonista, amada como tal, e em reciprocidade (ilustração ao lado). O mesmo livro mostra que se o marido morresse e não houvesse cunhados com quem a viúva pudesse se casar (costume comum na época), era permitido a ela que voltasse à família antiga.

 

Submissão a Deus

A Bíblia mostra famílias que alcançaram a prosperidade e a harmonia por terem seguido os preceitos de Deus, em um ambiente de afeto e respeito. Mas também mostra outras que se perderam por não serem submissas a Ele. Se muitos costumes dos grupos familiares mudaram com o passar das eras, o fato de um lar temente ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo dar bons frutos permanece.

 

Fonte:

https://mulherescanaluniversaleventos.blogspot.com.br/2015/02/as-familias-da-biblia.html