Quem são os AMANUENSES?

02/09/2013 11:56

Os amanuenses

Na época da Bíblia, escritores "terceirizados" ajudavam autores como o apóstolo Paulo

 

Nos tempos bíblicos, o profissional conhecido como amanuense era uma espécie de escriba, de secretário, que podia ser contratado para serviços pontuais ou em caráter permanente – no Império Romano, geralmente era um escravo. Ele era encarregado de copiar textos e documentos.

Entretanto, o trabalho do amanuense não se resumia a cópias. Muitas vezes, ele escrevia os textos ditados por seus autores. Os motivos eram vários, entre eles problemas de saúde que comprometiam a coordenação motora, deficiência visual ou mesmo analfabetismo. O apóstolo Paulo foi um que utilizou os serviços dos amanuenses em suas epístolas, que vieram a fazer parte do Novo Testamento.

Paulo utilizou amanuenses em quase todos os seus textos bíblicos, exceto Gálatas – e as saudações finais de outras epístolas, para garantir sua autoria, como era de praxe. Dos 27 livros neotestamentários, 21 foram ditados a esse tipo de profissional das letras. Algumas epístolas foram concebidas quando o apóstolo estava preso. Sua cidadania romana lhe dava o direito de receber o auxiliar, que levava suas cartas e as enviava aos destinatários.

O amanuense podia ser mais que um simples escrevente. Às vezes, tinha a função de secretário, que cuidava dos documentos do senhor ou patrão. Alguns eram redatores: eram informados dos assuntos a tratar e compunham a carta integralmente, depois mostrando o resultado a quem serviam.

Além de o próprio autor assinar o texto e escrever as saudações finais (1 Coríntios 16:21), muitas vezes o amanuense também acrescentava suas saudações e seu nome (como fez Tércio em Romanos).

 

“Escritor fantasma”

Nos jargões literário e jornalístico, o ghost writer (escritor fantasma) é alguém que escreve um texto – até mesmo um livro – sob encomenda de outra pessoa. Essa pessoa que o contratou assina como autora, e o real escritor permanece anônimo. O costume não é recente: já na Antiguidade, era admitido por gregos, latinos e judeus que um redator publicasse textos e livros sob nome de alguém célebre (vivo ou morto), numa espécie de homenagem, sem que o real escritor fosse revelado. Talvez daí tenha surgido o costume de o próprio autor se identificar na conclusão, para que a autoria dos textos não fosse posta em dúvida, mesmo que manuscrito por um auxiliar, por motivos de necessidade ou praticidade.